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Produtores de leite do Oeste e Meio-Oeste apelaram por uma solução para os problemas enfrentados pelo setor, que registra prejuízos com o custo de produção acima do valor pago pelo litro do produto. O assunto foi discutido pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, durante audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira (11) em Seara, no Oeste do estado.
Os produtores que se manifestaram foram unânimes em afirmar que a atividade corre sério risco, com a ameaça de abandono da atividade. Além da redução do valor pago pelo litro do leite, eles enfrentam o encarecimento dos insumos e a concorrência com o produto importado da Argentina e do Uruguai por um preço mais baixo.
Especialista no setor e coordenador-geral da Aliança Láctea Sul-Brasileira, o engenheiro agrônomo Airton Spies apresentou o cenário atual da cadeia leiteira durante a audiência. Segundo ele, tanto a produção quanto o consumo de leite no Brasil enfrentam um momento de estagnação.
Presente no encontro, o vice-presidente regional Oeste da Facisc, Milvo Zancanaro, reforçou a importância da audiência pública. “É muito importante esta audiência pública pois temos esse grande problema e não está fácil de superar. Nós precisamos resolver a questão da logística, do custo da produção rural que vem desde o custo do milho e dos insumos. Enfim, precisamos de uma ação ampla e não pontual para resolver o problema. E se não trabalharmos para a melhoria da logística, do custo dos insumos e para termos a nossa tão sonhada ferrovia e melhorarmos nossas rodovias, o custo vai ser um sempre problema. O Brasil tem que reduzir a burocracia e o chamado “Custo Brasil.”, declarou.
Além disso, as exportações do produto são pequenas – em 2022, só 0,3% da produção láctea brasileira foi vendida para o exterior. “Não temos competitividade em termos de preço. Temos excelentes produtores, com qualidade, mas temos dificuldade em competir com o mercado internacional por causa do nosso preço”, considerou.
Embora represente menos de 3% do leite consumido no Brasil, o produto importado está mais barato que o nacional, resultado da desvalorização do dólar e da queda dos preços internacionais. “Grandes redes de supermercado preferem buscar o leite no Mercosul, porque ele caiu de preço significativamente”, disse Spies. “O Brasil já importou neste ano mais do que foi importado de leite no ano passado inteiro.”
Como soluções imediatas, Spies sugeriu a realização de compras governamentais do produto para doar à população mais carente, como forma de aumentar o consumo e absorver o excedente, e o aumento no crédito presumido do PIS e do Cofins. A solução definitiva, no entanto, só virá com um plano nacional para desenvolvimento da competitividade para exportação de produtos lácteos. “Sem exportação, não tem solução para o crescimento do setor”, disse Spiens.
No dia 1º uma nova audiência será realizada em São Miguel do Oeste para dar continuidade ao debate sobre o tema.
Fonte: Agência Alesc
Foto: Rodolfo Espínola / AgênciaAL