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Uma das características mais presentes na comunidade de Jaraguá do Sul, o voluntariado deve ganhar ainda mais destaque em projetos de mobilidade social que envolvem entidades do terceiro setor no município e região.
Integrar as várias iniciativas e fortalecer a atuação de organizações de diferentes fins e propósitos, que atuam com foco voltado principalmente às áreas de maior vulnerabilidade, é um dos objetivos do Comitê de Responsabilidade Social anunciado pela diretoria da ACIJS durante painel que discutiu o tema “Voluntariado como oportunidade de transformação social”, no dia 8, com a participação da presidente do Instituto Guga Kuerten, Alice Kuerten, e outras lideranças do setor.
O Comitê de Responsabilidade Social inicialmente integra representantes de 18 instituições que já estão certificadas pela ACIJS como membros-fundadoras. A ideia, contudo, é ampliar a participação e contemplar as diferentes áreas de atuação que hoje estão concentradas em mais de 50 organizações no município e região.
Ana Clara Franzner Chiodini, presidente da ACIJS e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, destacou a ação como mais uma frente de suporte da classe empresarial a um setor que já se destaca de forma ativa. “Estar integrada às causas sociais, apoiando o trabalho do voluntariado, é um compromisso que a ACIJS mantém ao longo da sua história”, lembra. Para a vice-presidente Caroline Elisa Obenaus Cani, cuja pasta de Urbanismo e Comunidade é responsável pela articulação de várias iniciativas com foco na mobilidade social, a atuação sistematizada do setor trará ainda mais efetividade nas ações de mobilização com a população, poder público e setores organizados da sociedade civil.
“Devemos ser capazes de olhar para o lado e de percebermos que sempre há alguém que precisa de alguém”, reforçou Alice Kuerten, mãe do tenista Guga Kuerten e presidente do Instituto que leva o nome do filho. Reconhecida como uma referência quando se fala em causas sociais, ela disse que a criação de um comitê respaldado pela classe empresarial é importante para uma gestão de projetos sociais apoiadas no profissionalismo, com planejamento e estratégias definidas. “As ONGs têm um papel excepcional nos municípios, cumprindo uma função de governo, mas esse trabalho deve ser feito com seriedade, entendendo que o voluntário é um profissional e as entidades precisam ter uma gestão de qualidade, o comitê vai ajudar muito”, observa .
Alice Kuerten , que também preside a Rede Feminina de Combate ao Câncer no estado, reforça que a filantropia como ação de voluntariado não pode ser uma atividade isolada, mas sim institucionalizada e apoiada em princípios de governança.
Ela contou a experiência de criação do Instituto Guga Kuerten há 22 anos, como uma consequência natural na trajetória que envolve toda a sua família, desde a infância, com o estímulo dos avós. Hoje com atuação em 187 municípios catarinenses e liderando mais de 500 projetos com ênfase no esporte como ferramenta educacional e na inclusão de pessoas com deficiência, enfatiza que é preciso foco e estratégias definidas. “Não vamos resolver os problemas do mundo, mas podemos dar oportunidade de inclusão a quem precisa, muitas vezes, apenas de um olhar, de uma palavra e do apoio em momentos difíceis. Essa é a grande lição, termos a oportunidade de fazermos a transformação social”, completa.
Convidado a falar sobre a percepção de valor que o voluntariado representa para a comunidade, onde também atua, o empresário Vicente Donini disse que qualquer ação de voluntariado precisa ter como motivação maior o bem-estar e a felicidade do próximo. “De nada adianta estarmos bem, se o entorno vai mal. Cada um de nós, do seu jeito e condições, pode dar um pouco de si para minimizar as diferenças”, pondera o ex-presidente e membro do Conselho Superior da ACIJS. Donini ressaltou o trabalho de entidades de classe que representam segmentos organizados da sociedade civil e igualmente contam com diretorias voluntárias, dispostas a colaborar com o desenvolvimento da cidade e região.
O painel apresentou ainda o relato do presidente da Associação de Voluntários do Hospital São José, Joe Gieseler, na Casa de Apoio e de assistência a familiares de pacientes. Inaugurada há 5 anos, o imóvel doado por empresário da cidade já possibilitou a hospedagem a mais de 1.500 pessoas que acompanham seus entes durante o tempo em que permanecem internados, com o fornecimento de mais de 13 mil refeições preparadas com a doação de 45 toneladas de alimentos por empresas e de moradores para o espaço, que representa um centro de acolhimento, de assistência e conforto às famílias. “O sorriso de gratidão, o reconhecimento de quem recebe a ajuda, explica, é a grande conquista que recebemos, por sabermos que é muito bom fazer isso”, diz Joe ao se referir ao voluntariado.