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Na noite de segunda-feira, 10 de outubro, na Sociedade Recreativa Santos Dumont, foi realizada a solenidade e jantar festivo de comemoração dos 82 anos de fundação da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr). O evento reuniu mais de 400 empresários e diversas autoridades do município e da região, que também prestigiaram a palestra “Expectativa para Santa Catarina neste novo cenário econômico e político do Brasil’, ministrada pelo jornalista Paulo Alceu.
“Essa é a data mais importante para a Associação. São 82 anos de trabalho doado à comunidade de Brusque, Guabiruba e Botuverá. Falo assim, doado, porque ninguém da diretoria recebe nada para trabalhar ali. São todos empresários voluntários e dedicados. Por isso mesmo merecem ser parabenizados, porque dedicam seu tempo ao bem comum”, afirma o presidente da ACIBr, Halisson Habitzreuter.
Segundo ele, a palestra escolhida para o evento aborda um tema pertinente e pontual, já que os empresários querem saber o que é possível esperar da economia do Estado neste novo contexto político do Brasil. “Não era possível trabalhar com o antigo governo, que já estava desgastado, tanto politicamente, quanto em questão de eficiência. E a gente espera que as medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer se concretizem, porque o país precisa desta guinada, desta chacoalhada, para voltar novamente aos trilhos”, ressalta Habitzreuter.
O presidente da ACIBr também falou sobre a PEC 241, que era votada naquele mesmo momento. “Antes era fácil, porque sempre que se tinham mais gastos, se aumentava a arrecadação e quem pagava a conta era a população. Por isso, falar em corte de gastos do setor público é tão importante. Também precisamos falar sobre a reforma previdenciária que, a exemplo de outros países, será doída, mas necessária para que o Brasil consiga fechar suas contas. Precisamos falar sobre a reforma trabalhista, já que a nossa CLT foi feita em uma época na qual a relação de trabalho era diferente das condições que temos hoje. Existe o discurso de se estar suprimindo direitos do trabalhador e isso é uma mentira. A flexibilização da legislação trabalhista é uma realidade mundial e nós não podemos perder essa tendência”, salienta.
Trajetória da ACIBr é enaltecida
A vice-presidente regional da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina, Maria Izabel Pinheiro Sandri, enalteceu a importância da ACIBr dentro do sistema FACISC. “Como todas as entidades o que a Federação olha é a atuação das associações nos municípios, contribuindo para o seu desenvolvimento. Sabemos da importância do associativismo nesse contexto, ajudando todo ambiente empresarial e a própria comunidade. E a ACIBr, com seus 82 anos de história, demonstra através de suas ações, a força do associativismo em prol do desenvolvimento dos municípios em que atua. Celebramos hoje nesta data as muitas histórias escritas pelas diretorias que estiveram à frente dessa entidade tão forte e atuante”.
Para o empresário Ingo Fischer, vice-presidente regional da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, e que atuou como presidente da ACIBr, celebrar os 82 anos de história da entidade é também enaltecer todo trabalho desenvolvido em prol do crescimento do município. “É sempre uma satisfação falar sobre a ACIBr. Fui presidente desta entidade de 2000 a 2005, onde nós construímos a nossa sede, o Centro Empresarial, e de lá para cá isso deu uma nova vida à associação. No CESCBr temos reunidas a CDL, ACIBr, os sindicatos, enfim, muitas entidades classistas. Acredito que isso, para Brusque, é muito bom. Onde tem uma grande representatividade tanto comercial, quanto industrial, a cidade se desenvolve e cresce”, ressaltou.
“Abstenção de voto não é um protesto, é uma derrota”
Mais do que uma palestra com dados, números e situações, o jornalista Paulo Alceu estava interessado na interatividade. Sua proposta era conversar com os empresários, apresentando, mas também colhendo informações, com o foco de contextualizar Santa Catarina dentro do cenário nacional. “O país enfrenta uma indefinição, uma crise política, econômica, moral e ética. E esse relacionamento com o empresariado, que dá sustentação econômica ao Brasil, é fundamental. O nosso Estado, em si, tem um lado positivo e é um diferencial em relação ao país”, destaca.
Paulo Alceu também citou a discutida PEC 241, que limita os gastos públicos. Segundo ele, a aprovação impõe à classe política que administra o país uma gestão mais técnica e séria, capaz de fazer com o pouco dinheiro que se tem, muito para realizar e oferecer à população. “Fácil é ter muito dinheiro e, com isso, ter mais o foco no benefício próprio do que no atendimento básico. É isso que os brasileiros hoje se questionam”, argumenta.
Segundo ele, o governo de Michel Temer não pode ser considerado isento de tudo que aconteceu até aqui, porque estava ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) durante os últimos anos. Para o jornalista, essa desvinculação recente não o exime da responsabilidade e da fatura para pagar. “Não dá para dizer que não sabia de nada, que era apenas um vice decorativo. O PMDB participou da administração, integrou o antigo governo e hoje tem dívidas com o país, tem que devolver isso para o Brasil. E, quanto à credibilidade, ele vai ter que construir. Não somos nós que vamos dar credibilidade a ele. Ele terá que construir essa confiança com ações, determinação e, principalmente, coragem, o que eu não acredito com esses políticos que estão por aí”, salienta.
Para o palestrante, a reforma política, mais que necessária e importante, é crucial. “As urnas mostraram isso já. Uma abstenção de 38% no Rio de Janeiro é uma vergonha. Não é um protesto, é uma derrota para o país, para todos nós. O que me alegra é perceber que o Brasil está começando a buscar um novo caminho, porque a opção que recebemos nos traiu”, observa.