Santa Catarina foi o estado brasileiro que mais contratou mão de obra estrangeira entre janeiro e setembro deste ano, com 15 mil novas vagas ocupadas por imigrantes no período. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), e analisados pela Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC). Em comparação ao mesmo período de 2023, houve inclusive um aumento de 53% no saldo de vagas de estrangeiros.
O setor que mais empregou imigrantes, na sua grande maioria venezuelanos, em SC, foi a Indústria (8,3 mil vagas), seguido do de serviços (3,4 mil), comércio (2,1 mil), construção (1,2 mil) e agropecuária (171). Só em Chapecó houve a absorção de 2.011 estrangeiros no mercado de trabalho nestes nove primeiros meses do ano.
A pesquisa considera as contratações formais (com carteira assinada), e a economista Mariana Guedes, da FACISC, explica que o fato de Santa Catarina contar com a maior taxa de formalidade do país é justamente um dos atrativos para quem procura o estado para trabalhar e para viver.
O presidente da entidade, Elson Otto, reforça que a diversidade econômica do estado, o crescimento da indústria e a hospitalidade dos catarinenses também colaboram para a vinda dos estrangeiros.
“A mão-de-obra brasileira já não é suficiente diante do crescimento de vagas, muitas delas em áreas não ocupadas pelos trabalhadores daqui. Muitos dos estrangeiros vêm de países que estão enfrentando sérios problemas, onde viviam com dificuldades. Aí encontram em Santa Catarina um lugar acolhedor onde podem reconstruir suas vidas, com as suas famílias”, destaca Otto.
Funções ocupadas por estrangeiros – Os maiores volumes de contratação de estrangeiros na indústria foram nos frigoríficos de carne suína e de aves (3,3 mil novas vagas no período), principalmente de magarefes (responsáveis por abater, desossar, processar e identificar animais para consumo) e alimentadores de produção. Destaque também na fabricação de eletrodomésticos (210), preenchendo principalmente vagas como montadores de equipamentos elétricos e operadores de linha de montagem.
Impactos sociais e econômicos e o aumento nas demandas por serviços públicos
Por outro lado, é preciso que os setores público e privado estejam atentos aos impactos socioeconômicos da vinda dos estrangeiros, que precisam ser acolhidos nos municípios onde se instalam. É o que alerta a vice-presidente regional da FACISC do Extremo Oeste, Vanessa Bertol:
“Em Itapiranga, por exemplo, dos 17 mil habitantes do município, mais de 2 mil são estrangeiros que foram morar lá para trabalhar. Há todo um trabalho importante e elogiável para que eles sejam inseridos na comunidade, como o que aconteceu no desfile oficial da Oktoberfest, quando venezuelanos formaram um bloco para participar do evento e apresentar a cultura deles aos brasileiros. Porém, há desafios na habitação, por exemplo”, explica a vice-presidente.
Ela acrescenta que deve haver um diálogo, ainda, entre o público e o privado, para que sejam garantidos, também, os direitos à saúde e à educação a toda a população, brasileiros e estrangeiros, já que o aumento habitacional impacta na demanda por estes serviços públicos.
Estrangeiros mais contratados em SC
Além dos Venezuelanos, os imigrantes mais contratados são os argentinos (1.060), principalmente no setor de serviços, como atividades de hotelaria e alimentação e vendedores. Em seguida, estão os cubanos, contratados tanto em serviços de alojamento e alimentação, como em serviços administrativos, limpeza de prédios, vendedores e alimentadores de produção.
Destaque também para os haitianos (465 vagas), principalmente na indústria como operadores de máquinas, movimentação de cargas, alimentadores de produção e trabalhadores artesanais de alimentos, bebidas e fumos.
Indústrias que mais contrataram estrangeiros de janeiro a setembro de 2024
1ª) Alimentício: 4,2 mil, com destaque para os frigoríficos em Chapecó
2ª) Equipamentos elétricos: 490 vagas, com destaque para eletrodomésticos em Joinville
3ª) Confecção: 440 vagas, com destaque para Blumenau, Pomerode, São Carlos e Palmitos
4ª) Produtos plásticos: 404 vagas, com destaque para Joinville