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Como atuar em um mundo digital quando as empresas foram preparadas para o mercado analógico? Esse foi o tema abordado por Martha Gabriel, uma das principais pensadoras digitais no Brasil, na palestra “Negócios 4.0 – Inovação e Transformação Digital”, que abriu a programação do ACIC + Gestão, nesta semana. O evento foi promovido pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) e ocorreu no Salão Nobre da Unochapecó.
Martha enfatizou que é preciso fazer com que o negócio esteja sempre alinhado com o que o mercado quer e entre as necessidades está a tecnologia, que avançou com a pandemia. “Houve uma grande mudança e a tecnologia é o grande direcionador. A tecnologia muda as pessoas e são as pessoas que fazem os negócios”, frisou. Mas como perceber o que o mercado precisa? De acordo com Martha, é fundamental estar atento às mudanças, pois elas são as sementes do futuro. “Quando há aceleração de tendências, e isso ocorreu com a pandemia, temos mudanças o tempo todo. A primeira competência que precisamos ter é entender as regras, além de enxergar os sinais do futuro”, enfatizou.
A palestrante usou a sigla americana VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) para explicar que o mundo passa por transformações cada vez mais constantes. “O mercado está volátil e incerto. O ritmo é rápido, não dá tempo para esperar como antigamente. Se não enxergarmos os sinais de mudanças, ficaremos para trás. Além disso, tudo está conectado, o que torna o mercado complexo. Além disso, tudo o que acontece impacta de maneiras diferentes os diversos públicos e é necessário estar atento e compreender isso”, comentou Martha.
Para a especialista, o futuro é híbrido, com a interação humana e digital. “É preciso desenvolver mentalidade digital, saber resolver problemas num mundo que é tecnológico, saber qual tecnologia usar. E só se consegue acompanhar as tecnologias usando elas”, salientou. De acordo com Martha, entre as tecnologias que é necessário conhecer estão a inteligência artificial, Internet das Coisas, 5G, big data, blockchain, robótica, nanotecnologia, 3D e computação quântica. “As mudanças serão cada vez mais rápidas porque a tecnologia é o principal fator causador de mudanças. Ela recria a realidade que a gente está acostumada e se não a usarmos, não entenderemos. Até 2060 as máquinas vão fazer tudo que fizemos. Se você não quer ser substituído por um robô, não seja um robô, se adapte, ou seja, enxergue o que não está funcionado, olhe para o que pode alavancar o negócio, tenha tempo para ver tendências”, salientou.
PENSAMENTOS TRANSFORMADORES
A especialista em gestão de pessoas, Vania Ferrari, abordou o tema “Tudo de novo. De novo!”. Ela falou como pensamentos transformadores podem mudar a vida, a empresa, a carreira. Para Vania, uma das coisas mais difíceis no século 21 é liderar pessoas, pois o mundo VUCA se somou ao mundo BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível). “Junto a isso soma-se o lado pessoal, como cada um interpreta as mudanças e como lida com elas, pois tudo que se diz impacta na vida do outro. É necessário ter consciência social, compreender que no trabalho você nunca estará sozinho”.
Vania ressaltou que o profissional do século 21 precisa ser bom tecnicamente e também de coração. “É preciso melhorar a vida das pessoas, é para isso que trabalhamos e, para conseguir, tem que estar focado no que está fazendo, estar presente, 47% do tempo a gente está pensando em outra coisa, não no que estamos fazendo. Quando estamos presentes somos capazes de influenciar pessoas e só vamos influenciar se houver confiança. Só haverá confiança se você estiver presente, através do tom de voz, da postura, da altivez, da liderança e de conversas francas”.
A palestrante frisou a importância de trocar a jornada de trabalho por resultado real, com produtividade e foco. “Trabalhar é resolver problemas”, enfatizou, ao acrescentar que produtividade não é lotar o dia, mas sim fazer a coisa certa a cada momento. “O que você fez para melhorar os indicadores, a receita, reduzir custos, fidelizar clientes. Quais são as metas da sua área. A produtividade é sua e tem relação em como você usa as 24 horas do dia que todo mundo tem. Temos que entregar tempo e energia para aquilo que tem que ser feito e saber dizer não para o que não necessita inteligência e determinação dos humanos. Isso pode ser entregue para os robôs”, especificou. Vania grifou a importância da adaptabilidade e de saber ler cenários, estar atento ao outro, ter empatia e saber se comunicar. “Todo dia é tudo novo. De novo. Todo dia podemos ter um novo jeito de fazer as coisas”, finalizou.
COMO INSPIRAR
O exemplo do trabalho realizado em Brumadinho no desastre do rompimento da barragem de uma mineradora em 2019 foi citado pelo especialista em gestão de projetos e de desastres, Pedro Aihara, porta voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, que explanou sobre “Gestão de Conflitos, Inteligência Emocional e Influência para Engajar Times”. Aihara comentou que as buscas pelas vítimas continuam até hoje. “Quando fomos para Brumadinho, muitos especialistas falaram que a busca era impossível. Hoje, com a operação ainda em andamento, já localizamos mais de 98% das vítimas”, relatou.
Ele fez uma relação com o mundo dos negócios, enfatizando que os resultados são alcançados quando se tem propósito. Para ter eficácia em momentos de dificuldades, o mesmo ideal e engajamento das equipes são necessários todos os dias. “A gente faz o que a gente treina. O cérebro repete a forma como está acostumado a fazer todos os dias e isso é fundamental em momentos difíceis. Por isso, é preciso fazer com excelência e comprometimento diariamente”.
Aihara também falou sobre a importância da empatia, ao comentar que não se deve apenas entregar trabalho, mas solução e esperança. “Para ser desenvolvida, a empatia precisa ser praticada. O que as pessoas mais necessitam hoje em dia são especialistas em pessoas. Em todas as equações, o fator pessoas é decisivo e merece receber atenção. Para fazer isso, você precisa relembrar as suas escolhas: por que decidiu fazer o que faz, qual foi a motivação inicial”, sublinhou.
Para o especialista, a capacidade de um bom profissional é conseguir resinificar cenários mesmo quando as condições não são favoráveis, fazer algo que fará a diferença na vida das pessoas. “É sobre perceber que nesse mundo corrido, volátil, incerto, tecnológico, as pessoas estão mais carentes de conexão. Ter conexões verdadeiras é o que faz a diferença, que traz sensação de pertencimento e condições emocionais saudáveis. Não basta saber o que fazer, é necessário lembrar para quem eu faço e a razão pela qual escolhi fazer”, finalizou Aihara.
ACIC + GESTÃO
A segunda edição do ACIC + Gestão teve objetivo de ampliar a visão sobre os novos tempos. A coordenadora do evento, Luiza Utzig Modesti, realçou a necessidade da adaptação e do cuidado com as pessoas. “É ser humano que precisa ser. Não é produtivo humano, influenciador humano, respondedor humano, chefe humano, repetidor humano. É ser. Antes de comprar os pensamentos e ideias de qualquer pessoa, compramos quem ela é”.
O evento teve como patrocinadores ouro a ABBA Imóveis, Açoperfil, Arcus, Gamatec, MD Recursos Humanos, Mogano, Multisoftware, Nippur, Unimed Chapecó e Unochapecó; como patrocinadores prata Amo, Coonecta, Recon e Sicoob MaxiCrédito; e como patrocinadores de comunicação a NDTV e a NSC TV.