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Conhecer um pouco mais da história da cidade de Brusque, seu patrimônio, bem como a história da família Renaux, particularmente a de Cônsul Carlos Renaux. Assim foi marcada a manhã de quinta-feira, 3 de março, para cerca de 20 integrantes do Núcleo de Mulheres Empresárias da Associação Empresarial de Brusque, Guabiruba e Botuverá (ACIBr). O grupo esteve na Villa Renaux, antiga residência do Cônsul, onde conheceu mais sobre o projeto “Villa Renaux – fazendo e valorizando a história”.
Na oportunidade as mulheres foram recepcionadas por representantes do Centro Universitário de Brusque – Unifebe, responsável pelo projeto de visitação, criado por meio de um Convênio Cultural, em 2017, entre a universidade e Vitor Renaux Hering, um dos herdeiros da família e responsável pela manutenção do imóvel. Desde então, a Unifebe é responsável pela preservação dos documentos, registros e fotos da casa localizada na Avenida Primeiro de Maio, em Brusque.
Durante a visita, o grupo conheceu a estrutura e alguns cômodos da residência, os jardins, sua arquitetura, inovações, móveis e acervos históricos originais, além de curiosidades e a história do local que foi moradia de integrantes da família Renaux e também palco de muitos eventos sociais.
Histórias e mulheres
A Villar Renaux, ou “Villa Goucki”, é considerada uma das mais importantes construções históricas de Brusque. Teve o início de sua construção em 1932 e foi finalizada em 1935, projetada pelo arquiteto alemão Eugen Rombach. A partir de 1935 foi residência de Carlos Renaux e de sua terceira esposa, Maria Luiza Auguste Lienhaerts (conhecida como “Goucki” – a casa foi uma homenagem a ela). O casal morou no local até o falecimento: dela, em 1939, e posteriormente do Cônsul, em fevereiro de 1945.
Além da estrutura, acervo e paisagismo do local, ao longo da visita, o Núcleo das Mulheres Empresárias também conheceu um pouco mais sobre a história de vida de algumas mulheres da família Renaux: as três esposas de Carlos Renaux – Selma Wagner, mãe de seus 11 filhos, que faleceu em 1912; a atriz Johanna Maria von Schönenbeck (conhecida como “Hanna”), que faleceu em 1919; e a terceira esposa, Maria Luiza Auguste Lienhaerts, já citada.
A bisneta do Cônsul, Maria Luiza Renaux, conhecida como Bia Renaux, que foi historiadora, morou na casa e dedicou parte de sua vida para a preservação da Villa Renaux e seu patrimônio, também foi lembrada ao longo da visita. Bia faleceu em 2017 e seu filho, Vitor Renaux Hering deu continuidade na busca pela preservação do espaço, que atualmente está em processo judicial.
Avaliação e proximidade
Para a coordenadora do Núcleo, Cristiane C. Bonacina, a visita foi enriquecedora, já que proporcionou um momento de integração entre as participantes, bem como de conhecimento cultural e da própria história da cidade. “Acredito que esta visita foi um grande presente do Núcleo a todas as mulheres que participaram. Conhecer a casa, o acervo preservado, ver o cuidado da Unifebe com esse projeto, foi incrível. Esta é uma história de empreendedorismo e da nossa cidade também, que nos inspira, para que possamos sempre seguir em frente, nos reinventar, crescer, buscar nossos objetivos e criar a nossa própria história”, comentou.
Da mesma forma, a supervisora de Extensão da Unifebe, Luana Fernandes Alves, responsável por guiar a visitação, falou sobre a satisfação da Unifebe em proporcionar a visita e oportunizar as mulheres do Núcleo a conhecer mais sobre a parte cultural do espaço. “A Unifebe é uma universidade comunitária, então, nada mais importante do que estar inserida na comunidade e recebê-la aqui. Vimos que muitas pessoas que visitam o espaço têm alguma ligação, tanto com a fábrica, como com a família Renaux, ou com a própria casa, então é sempre um prazer receber grupos de visitantes, como o de hoje, das Mulheres Empresárias da ACIBr. E esperamos que elas possam levar daqui um pouco mais da história e da cultura da nossa cidade”, comentou.
Segundo Luana, desde o convênio firmado com a universidade, em 2017, a Unifebe tem realizado a organização, preservação do acervo e catalogação dos documentos e fotos da Villa Renaux e da família, que foram mantidos ao longo dos anos por Bia Renaux. Uma equipe da universidade tem atuado neste trabalho para o acervo da indústria têxtil catarinense.
A visita também foi acompanhada pela coordenadora de Eventos da Unifebe, Aline de Souza, e também pelo caseiro do local, senhor Sérgio Luís Hadriano, que há cinco anos trabalha na residência junto com a família.
Cônsul Carlos Renaux
Nascido na Alemanha, em 11 de março de 1862, Carlos Renaux veio para o Brasil em 1882. Em Blumenau, iniciou seus trabalhos como caixeiro e em 1885 chegou a Brusque, onde começou a trabalhar com uma venda. Aos poucos, Renaux começou um novo modelo de negócio na cidade entre os colonos e imigrantes da época, que deixam de realizar apenas “trocas” e começam a trabalhar com dinheiro.
Após a chegada de imigrantes poloneses em Brusque, em 1889, e a necessidade de atuarem na área têxtil, Carlos Renaux investiu em um novo negócio e em 11 de março de 1892, aos 30 anos, deu início a primeira indústria têxtil de Brusque, contribuindo para que a economia local saísse da produção agrícola para o processo industrial. Em 1900 Renaux também montou a primeira tecelagem na cidade, o que anos depois deu a Brusque o título de “Berço da Fiação Catarinense”.
O empresário teve grande representação social e também política, e em 1922 foi nomeado Cônsul, onde assumiu o Consulado em Baden-Baden (Alemanha). A partir de 1935, mudou-se para o Brasil, onde passou a residir com sua terceira esposa, Auguste Lienhaerts, na Villa Renaux, até seu falecimento.