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No dia 26 de agosto, o Movimento ODS Santa Catarina promoveu um webinar para falar de um assunto que passa despercebido: a situação de vulnerabilidade e invisibilidade de migrantes e refugiados.
Participaram da discussão Michelle Barron Gerente de Projeto na OIM, (Organização Internacional para as Migrações); Yssyssay Rodrigues, integrante da OIM em SC; Bruna Kadletz presidente da organização Círculos de Hospitalidade; e Cynthia Orengo, coordenadora do Programa Bem Viver do MPF/SC.
A conversa foi mediada pelo coordenador geral do Movimento ODS Santa Catarina, Gilson Zimmermann e contou com o apoio Facisc – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina e do CAU-SC – Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina.
Oportunidade para acelerar a implementação dos ODS
O tema da migração é uma pauta que ainda gera preconceito. Além disso, os desafios impostos pela pandemia são ainda mais impactantes àqueles que já estavam em situação de risco antes da pandemia. Para Michelle, esta é uma oportunidade para apresentar uma resposta a esta demanda social, e acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Os migrantes são muito afetados pela pandemia. Eles muitas vezes não têm voz, não tem um lar. No entanto, são qualificados, falam diversas línguas, têm riqueza cultural e podem fazer parte da solução”, avalia.
Para Yssyssay Rodrigues, integrante da OIM em SC, neste momento o lema não deixar ninguém para traz é o centro da questão, além de entender como a crise do novo coronavírus dialoga com outras crises que já necessitavam de respostas antes da pandemia.
“Estamos disponíveis para dialogar com a sociedade civil e com o setor privado. Temos muitos materiais e orientações para apoiar quem deseja ser protagonista, seja ajudando a dar visibilidade à causa, diminuir a xenofobia ou mesmo contratar migrantes”.
Segundo Bruna Kadletz presidente da organização Círculos de Hospitalidade, os migrantes estão mais vulneráveis desde o decreto de março, afinal, muitos perderam o emprego e se viram diante da insegurança alimentar.
“Tivemos que adaptar nossos projetos para responder aos desafios, realizar doações e dar atenção a questão da saúde mental”, explica Bruna.
Geração de oportunidades: Capacitação e presença digital
Bruna reforçou também a preocupação com o cenário pós-pandemia.
“A crise acelerou processos em andamento, como a transformação digital.É preciso gerar oportunidades e capacitar os migrantes para que possam ter seus negócios e serviços presentes no mundo digital”, defende.
Já Cynthia Orengo, coordenadora do Programa Bem Viver do MPF/SC, projeto que realizações em prol da população migrante e refugiada do estado, as imensas desigualdades do país agravaram a situação dos refugiados, que já eram invisíveis perante a sociedade, vieram de países destruídos, com atraso na tecnologia, barreira na comunicação e muitas dificuldades de acesso.
Cynthia relatou o caso de um migrante haitiano, em palhoça, que morreu sem atendimento, pois a família não sabia que era possível fazer uma ligação gratuita ao SAMU para pedir ajuda.
“Este é apenas um dos desafios. Mas o que eles esperam para o pós-pandemia é o fundo do fundo do poço. É o medo de não saber para onde ir, como pagar o aluguel. A situação de rua já é uma realidade para eles”, afirma.
As fronteiras são imaginárias
“As fronteiras são imaginárias. Somos todos seres humanos. É preciso desconstruir a ideia de que os migrantes são uma ameaça. Eles podem contribuir e muito com o nosso desenvolvimento, por meio de seu exemplo de coragem e resiliência.
Fica o convite aos signatários do Movimento ODS Santa Catarina para conhecerem mais estas histórias de vida, e ao setor privado, o convite para contratar e apoiar migrantes e refugiados”, comenta Bruna.
Confira o webinar na íntegra no canal do Youtube do Movimento ODS Santa Catarina.