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Novas tecnologias digitais contribuirão para ampliar a produtividade, reduzir custos e criar mais oportunidades de trabalho, apontaram Richard Soley, do IIC, e Gilberto Peralta, da GE Brasil
O mundo vai mudar drasticamente nos próximos 10 a 20 anos em decorrência da interação cada vez maior entre a internet, as máquinas e as pessoas. “Estamos entrando em uma nova fase da revolução industrial, na qual temos um acesso instantâneo às informações. Isto está mudando nossas vidas”, diz José Rizzo Hanh Filho, diretor-presidente da Pollux Automation.
Estas transformações, decorrentes da expansão da internet, foram discutidas na Sessão Futuro e Tendências: o Novo Mundo da Internet Industrial, realizada nesta quinta-feira na Expogestão, que acontece na Expoville, em Joinville.
Richard Mark Soley, diretor-executivo da Industrial Internet Consortium (IIC), destaca que o impacto econômico dessa mudança será muito grande. “Empregos vão ser destruídos, a produtividade vai aumentar e mais oportunidades de negócios vão ser geradas, estimulando o consumo.” Ele exemplifica mostrando que em 1995 existia um único webmaster no mundo. Atualmente são milhões.
Esta transformação pode aumentar os lucros do setor privado em US$ 32 trilhões de dólares, segundo estimativas da General Electric. E o faturamento de serviços decorrentes da internet industrial pode chegar a US$ 300 bilhões em 2020, destaca o Gartner Group.
O que está acontecendo não é nada novo, enfatiza Soley. É parte de um processo histórico que se iniciou no final do século 18, com a invenção da máquina a vapor, por James Watt, e ganhou força a partir da primeira metade do século 19. “Ele transportou o poder do homem à máquina.”
O relacionamento entre empresas, sociedade e governo também tende a se modificar. Elas terão de adotar uma postura mais colaborativa. “Vamos ter de aprender juntos”, ressalta Soley. Esse é um dos papeis do IIC, uma entidade formada por mais de 300 entidades, como instituições de pesquisa, universidades e empresas.
O presidente da GE Brasil, Gilberto Peralta, apontou uma série de impactos que a disseminação da internet industrial pode trazer: uma economia de 1% no uso mundial de combustíveis pode gerar uma redução de US$ 66 bilhões em custos; um aumento de 1% na produtividade das locomotivas pode ter um impacto positivo de US$ 27 bilhões. Os ganhos podem ser maiores nas áreas relacionadas à saúde (healthcare): US$ 63 bilhões.
Para alcançar estas metas é preciso entender os dados e gerar insights a partir deles. Somente os equipamentos fabricados pela General Electric geram, diariamente, 1 Terabyte de dados. “Com a internet industrial vamos poder fazer coisas que não podíamos imaginar”, diz o executivo.
Uma das oportunidades que esta grande oferta de dados vai gerar é prever os problemas antes que eles aconteçam. Isto vai requerer mudanças no mercado de trabalho. Peralta estima que de 30% a 40% dos empregos que serão gerados no futuro ainda não existem.
A indústria também vai precisar se reorientar para o uso massivo de dados, se preocupar mais com o nível de segurança das máquinas e atuar mais colaborativamente com clientes e parceiros. “Assim será possível reduzir custos, riscos operacionais e financeiros, gerar mais vendas e lucros”, afirma o presidente da GE Brasil.
O espaço para o crescimento da internet industrial é muito grande no Brasil. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 58% das empresas reconhecem o poder transformador das novas tecnologias digitais, contudo, menos da metade das companhias as utilizam.
Os principais impactos que as empresas esperam com a internet industrial são a redução de custos, a melhoria da produtividade e produtos e serviços melhores. “Usando a internet industrial teremos linhas de produção mais flexíveis e que podem ser usadas com mais eficiência, aumentado as possibilidades de customização.”
O levantamento da entidade empresarial também aponta que o governo precisará ter um papel mais ativo no processo de disseminação de novas tecnologias, principalmente no que tange à infraestrutura e educação básica. “Precisa-se dar muita atenção à educação básica”, enfatiza Peralta. “Hoje temos muita tecnologia e não sabemos como utilizá-la.”
foto 8449 – José Hizzo
foto 8544 – Richard Soley
foto 8706 – Gilberto Peralta
Crédito das fotos: André Kopsch.