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O município de Chapecó completa em 2017 o centenário. Desde sua fundação, passou por diversos ciclos econômicos: iniciou com a extração de madeira até se solidificar como um importante polo da agroindústria mundial. Atualmente, a economia é diversificada, com destaque também para os serviços, comércio, tecnologia, educação, entre outros.
O empresário Gilson Carlos Confortin, que atua no município desde a década de 1980, lembra um pouco da história de Chapecó nesta entrevista. Graduado em estudos sociais, Confortin é empresário do ramo de distribuição de produtos agropecuários. É diretor da Confortin Comércio e Representações, atuou na Câmara Júnior, é o atual 2º vice-presidente da Diretoria Executiva e foi presidente do Conselho Deliberativo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC). Integrou clubes sociais, entidades filantrópicas e associações de Chapecó.
Poderia descrever sucintamente como era Chapecó na década de 1970, quando o senhor iniciou sua vida profissional?
Gilson Carlos Confortin – Após Chapecó comemorar seu cinquentenário, houve um novo ciclo econômico para nossa cidade e região. Na educação a criação do curso técnico científico e a criação da nossa primeira faculdade, a Fundeste; o esporte a realização pela primeira vez dos Jogos Abertos em Chapecó; na indústria a implantação da Sadia, hoje BRF, Avícola, Increal, Extrafino, da compra pela Coopercentral do antigo Frigorífico Marafon e sua consequente reativação; na infraestrutura e transportes, a construção da BR-282, a construção da ponte do Goio-Ên; nas comunicações a chegada da sucursal de TV coligadas. Em outras obras diversas, a construção da Penitenciária Agrícola, o novo prédio da Secretaria dos Negócios do Oeste (SNO) e outros tantos eventos importantes que colocaram de vez Chapecó no contexto estadual e federal.
Como era a economia do município?
Confortin – A falta de estradas deixava a região extremamente limitada, pensando em uma economia de longo alcance. Nossos caminhões tinham que ir a Pato Branco ou a Curitibanos para chegar ao asfalto. Até lá, quando chovia, só acorrentados. Tínhamos uma economia industrial pequena, com várias madeireiras que extraíam e serravam, alguns comércios de secos e molhados com compra e venda de cereais e suínos. Já existiam revendas de automóveis, utilitários e caminhões.
Quem eram os empresários e líderes mais influentes?
Confortin – Vários chapecoenses contribuíram para o município crescer e chegar onde se encontra hoje. Acredito, porém, que o grande responsável foi a comunidade chapecoense que se uniu, participou e colaborou de maneira intensa no nosso crescimento. Cito, entretanto, alguns líderes que, com visão empresarial acurada, capitanearam o desenvolvimento na época como Plínio de Nes, Jacob Gisi, Auri Bodanesi, Serafim Bertaso, famílias Tozzo, De Marco, Sperandio, Casas Vitória, Lojas Pernambucanas, Casas Néri e dois grandes prefeitos que tivemos: Altair Wagner e Milton Sander.
Como foi evoluindo ao longo do tempo a economia local e regional?
Confortin – O crescimento acentuado que essas novas empresas e instituições trouxeram para Chapecó também fomentou a vinda de empresas paralelas de prestação de serviço de equipamentos agregados e de produtos complementares. Criou-se um polo de gráficas, fábricas de equipamentos frigoríficos, medicina e também com a vinda de outras instituições um polo de professores e pesquisadores. Implementou-se o asfaltamento de novas rodovias, melhorando o escoamento da produção regional.
Quando o senhor criou a empresa, na década de 1980/1990, o que mudou na economia local-regional?
Confortin – Quando criamos a nossa empresa, em 1986, o agronegócio regional baseava-se basicamente na avicultura e na suinocultura. O segmento ‘Pet’ era incipiente e a produção leiteira em maior escala existia em poucas cidades da região, como Treze Tílias, Concórdia, Itapiranga e São José do Cedro. Hoje, a atividade que mais emprega é a produção leiteira, que além de tudo exerce uma função social de grande valor. Criaram-se novos polos industriais como Pinhalzinho, Maravilha, Quilombo, Coronel Freitas e São Miguel do Oeste.
Qual setor da economia é mais dinâmico?
Confortin – É muito difícil escolher o mais dinâmico. Entendemos que todos os setores são muito importantes e precisam ser competentes. A sobrevivência depende de ações pontuais e assertivas, pois ao contrário o insucesso é muito acelerado e retira do mercado rapidamente.
O que mais marcou sua vida profissional e empresarial em Chapecó?
Confortin – O relacionamento. É impossível hoje ter sucesso sem nos relacionarmos com o mercado, com os fornecedores, com os clientes e com a equipe de trabalho. Conseguimos, pela nossa expertise, compreender muito bem o mercado onde estamos inseridos.
Atualmente, nos festejos dos 70 anos da Acic e nos 100 anos de Chapecó, quais são os verdadeiros desafios do município?
Confortin – Antes de buscarmos novas matrizes econômicas, precisamos manter e fortalecer as já existentes. É imprescindível acrescentar o modal ferroviário para trazermos matéria-prima do Centro Oeste, melhorar e duplicar nossas principais rodovias, ampliar o aeroporto. Então poderemos buscar o implemento e a diversificação de nosso parque industrial. Precisamos, logicamente, de mais segurança econômica e política, aperfeiçoar a educação, tornando a segurança mais efetiva.
Fonte: MARCOS A. BEDIN