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Fechada ao tráfego há 27 anos, a ponte Hercílio Luz – primeira ligação terrestre entre a Ilha de Santa Catarina e o continente e detentora do título de patrimônio histórico, artístico e arquitetônico nacional – atravessa um complexo processo de restauração que promete reativá-la até o final de 2018. Ante a perspectiva com o fato, intensificam-se as discussões em torno da futura destinação da estrutura, com grupos defendendo seu uso para diminuir os problemas de mobilidade na capital catarinense ou como instrumento de apoio ao turismo.
Um simpósio realizado na manhã desta quarta-feira (28) na Assembleia Legislativa pela Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano, no qual participaram gestores públicos, especialistas em trânsito e representantes de entidades sociais, buscou colocar frente a frente os defensores das duas propostas.
Presente ao evento, o engenheiro do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Wenceslau Diotallévy, que atua como fiscal das obras de restauração da Hercílio Luz, afirmou que o governo pretende priorizar o uso da ponte para o tráfego de veículos. Quando a obra estiver concluída, disse, a intenção é que a ligação seja aberta à passagem de automóveis e caminhões leves, o que possibilitaria absorver até 20% dos cerca de 150 mil veículos que atualmente atravessam diariamente as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos.
A demanda turística, entretanto, não está excluída do planejamento do governo, disse. “Antes da reforma havia apenas uma via para a travessia de pedestres e ciclistas, no lado norte, mas com o aumento em 2,5 metros da plataforma, haverá uma segunda, que se constituirá em mais um equipamento a ser inserido no sistema viário de Florianópolis.”
Já Lúcio da Silva Filho, que integra a Associação Amigos do Parque da Luz (AAPLuz), entidade voltada a preservação da zona urbana localizada na cabeceira insular da ponte, argumenta que a estrutura é, oficialmente, um monumento histórico e deve servir para a contemplação e a promoção do turismo no município. “Queremos que ela se torne uma passarela para todos, para o bem-estar da população, para receber bem o turista em Florianópolis e como ícone da capital e obra de arte de engenharia. Ela precisa ser revitalizada sim, mas também valorizada no seu conjunto, do qual fazem parte as cabeceiras e todo o entorno envolvendo o cenário paisagístico.”
Segundo ele, a AAPLuz propõe que pedestres e ciclistas sejam priorizados, reservando-se uma pista de rodagem para a circulação de ônibus panorâmicos e bondes. A ideia, segundo afirmou, já contaria com a simpatia de alguns gestores públicos. “A prefeitura do município está atenta e vai no mesmo sentido da associação. Da mesma forma, também estamos em um processo de entendimento com o governo do Estado.”
Já o deputado João Amin (PP), que preside a Comissão de Transportes, afirmou que, particularmente, é partidário da utilização da ponte como suporte ao trânsito de veículos, mas que todas as propostas devem ser analisadas. “Sabemos dessas necessidades e da parceria do município com o Estado, por isso essa provocação da Comissão de Transportes com este evento, para que a ponte, depois de meio bilhão de reais gastos, tenha um uso adequado.”
Vice-presidente de infraestrutura da Facisc, André Gaidzinski, representou a Federação no evento e defende que a obra deve ser utilizada para atender os veículos automotores e ter as laterais para os pedestres e ciclistas. “A ponte poderia ser usada apenas para fins turísticos e de lazer se tivéssemos outras opções, mas capital atende demandas de todo o Estado e temos a necessidade urgente de desafogar o trânsito. Por isso não podemos ser irresponsáveis restringindo algo que é de todos e tornando a ponte um objeto turístico. Precisamos de soluções para melhorar a mobilidade e a obra foi um grande investimento, por isso deve atender o seu fim principal que é ligar o continente à Ilha”, declarou o representante.
Fonte: Agência AL
Foto: Eduardo Guedes / Agência AL