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Fomentar o debate sobre políticas de economia criativa em Florianópolis e a preparação da capital catarinense para esse novo cenário social foi o objetivo do encontro promovido pelo Núcleo Setorial de Empreendedorismo Cultural da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), na última terça-feira (4), no Museu da Escola Catarinense. A consultora da ONU em Políticas Culturais, Ana Carla Fonseca Reis, foi a convidada do encontro, que reuniu cerca de 90 pessoas, entre representantes de entidades como SESC, FIESC, ACATE, Sebrae, Fecomércio, CDL, membros da classe cultural e empresas que patrocinam projetos por meio da Lei de Incentivo à Cultura, em Florianópolis.
Atuante em mais de 30 países, e em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, no desenvolvimento da tecnologia e da cultura para a criação de cidades que movimentam a economia por meio de segmentos criativos, Ana Carla Fonseca Reis propôs a Florianópolis um outro olhar sobre seus talentos que envolva novas formas de gerar conhecimento, emprego e renda. “Estão surgindo novas potencialidades econômicas que dialogam com algumas das vocações naturais da capital catarinense, como Tecnologia e Inovação. É preciso ampliar o debate e se espelhar em locais que bebem na fonte da economia criativa, como Madri e Paris”, explica. A consultora da ONU defende uma articulação entre os principais atores dessa mudança para que segmentos como arquitetura, moda, artes, música e biotecnologia – principais eixos de atuação da economia criativa – comecem a dialogar com setores mais tradicionais, como o comércio e a indústria.
O presidente da ACIF, Luciano Pinheiro, ressaltou que o desenvolvimento de estratégias de fomento à economia criativa em Florianópolis é um dos principais eixos de atuação da entidade na capital para os próximos anos. “Centenária, a ACIF segue ativa na defesa dos setores já consolidados. Mas a economia ‘das ideias’ cresce de forma contínua e as ações da associação precisam seguir na direção do novo, principalmente, da sinergia, que pode gerar ganhos tanto para segmentos já estabelecidos quanto para aquelas áreas que terão espaço crescente na sociedade. Essa é a hora e a vez da economia criativa em Florianópolis”, comentou.
Para a produtora cultural e coordenadora do Núcleo Setorial de Empreendedores Culturais, Paula Borges, quem pensa e fala sobre economia nos dias de hoje – e principalmente quem busca preparar terreno para os tempos que virão – não pode mais ignorar as ações da moda, do design e das artes no cotidiano das cidades. “Pretendemos ampliar e dar sequência ao debate junto aos principais representantes pelos principais segmentos criativos de Florianópolis, para que a vocação criativa da capital catarinense esteja alinhada com o desenvolvimento de uma gestão cultural eficiente”, ressalta.
Economia criativa: principais dados no país
De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a economia criativa cresce de forma contínua no país. Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa, elaborado pela entidade carioca, em 2004, o setor respondia por 2,09% do PIB nacional. Em 2010, o índice subiu para 2,46%. E em 2015, a economia criativa garantiu 2,64% de toda a riqueza produzida no País – o equivalente a R$ 155,6 bilhões de reais. A indústria de transformação, que sofreu com equívocos da política econômica definida pelos Governos do período, viu sua participação no PIB encolher de 17,9% para aproximadamente 10% nos mesmos 11 anos. No futuro, porém, essas classificações e diferenciações tendem a ficar cada vez menos nítidas. A indústria têxtil está a cada dia mais próxima da moda e do design. A tecnologia avança em todos os segmentos. O comércio e a prestação de serviços vendem “experiências”, conceito que aproxima esses segmentos tradicionais das áreas de expressões culturais, tecnologia da informação, entre outras. Será uma nova fase econômica no país – assim como já acontece na Europa e na China.
Crédito da foto: Natani Nascimento.
Fonte: Assessoria de imprensa ACIF