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A Associação Empresarial de Garuva (Acig) lançou no mês de junho uma frente de estímulo à retomada da economia local. Chamado de Programa Acelera, o projeto faz parte de uma ação da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc).
Com cinco atitudes, sendo elas: compre no negócio local; renegocie em vez de cancelar; compartilhe experiências e ideias; abandone velhos hábitos e busque novas formas de fazer negócio, a frente foi elaborada pelo Comitê Interno da entidade empresarial do Estado para auxiliar empresários de todas as esferas na retomada da economia em meio a crise gerada pela pandemia da Covid-19.
De acordo com o Presidente da Facisc, Jonny Zulauf, esta cartilha foi elaborada a partir do que a entidade ouviu dos empresários associados, unindo pesquisas econômicas e análise do cenário macroeconômico. “A equipe de marketing da Federação uniu os pontos e criou a campanha para motivar e ajudar os empresários, fortalecer as empresas, incentivar o consumo nas cidades. Além disso, a Facisc busca constantemente, tanto através de soluções empresariais”, conta em entrevista exclusiva ao Folha Norte SC.
Em entrevista ao Folha Norte SC, Jonny Zulauf, Presidente da Facisc, fala sobre as ações da Facisc para estimular a economia do comércio e indústria catarinense após a crise da pandemia. Foto/Divulgação
Para o Presidente da entidade, a participação de empresários em Associações de Comércio e Indústria (ACIs) torna-se fundamental para o fortalecimento da categoria, principalmente, em momentos de crises, como esta.
“A premissa básica é que juntos somos mais. Juntos temos mais voz e mais vez. Conseguimos lutar pela causa empresarial. Essa representatividade está sendo sentida agora na pandemia, também nos momentos que precisamos lutar contra aumentos abusivos de impostos e do gasto público. Também proporcionamos soluções para ajudar no dia-a-dia das empresas, para dar sustentabilidade para as empresas e gerar negócios”, diz.
Jonny Zulauf, Presidente da Facisc
Presidente da Associação Empresarial de Garuva (Acig), Gesiel Eggea Menezes, afirma que estes cinco frentes do Programa Acelera trouxe resultados positivamos para os empresários garuvenses. ” Tivemos vários relatos de associados que tiveram que se reinventar, justamente para que possam superar estas dificuldades causadas pela pandemia”. Gesiel afirma, também, que o resultado positivo das empresas refletiu na própria associação “nesse período, a Acig cresceu em torno de 15% em novos associados”, destaca.
Gesiel Eggea Menezes, Presidente da Acig.
Outro benefício que o Programa Acelera trouxe para Garuva foi, segundo Gesiel, a valorização do comércio local. De acordo com o Presidente, ainda há entre os moradores de Garuva um hábito de comprar fora do município, principalmente, em Joinville. Desta forma, ele ressalta que a economia garuvense pode ser prejudicada, à medida que os comerciantes locais, os quais, também empregam munícipes, acabam encontrando dificuldades na geração de renda.
“Com este estímulo, a população cria o hábito sobre a necessidade de valorizar o comércio do município, com isso, injetando valores que irão permear o mercado econômico de Garuva”, ressalta Gesiel Eggea Menezes, Presidente da Acig.
O que dizem os empresários garuvenses sobre o uso do Programa Acelera?
Turismo
Com os decretos que restringiram viagens intermunicipais, Rosângela Carrara, proprietária de uma agência de viagens e Diretora do setor de turismo da Acig, afirma que sua empresa sofreu com a pandemia “uma refração nunca vista antes”. Segundo ela, nesse sentido, a empresa buscou seguir o princípio do “Abandone velhos hábitos” para experimentar novas formas de comunicação e processos com a tecnologia.
“Essa ação nos prepara para uma retomada pós-pandemia conectadas ao mundo do negócio”, diz. Segundo Rosângela, a decisão de abandonar velhos hábitos também conciliará com a necessidade de se adequar ao novo perfil de turistas, desta forma, conquistando mais clientes para sua empresa.
Prática de montanhismo é um dos atrativos do turismo em Garuva e faz parte da rota Caminho dos Príncipes.
Na preparação de seu negócio para receber os clientes após a reabertura das atividades, Rosângela optará pelo marketing digital que, segundo ela, tem sido uma ferramenta utilizada nesse preparo com a divulgação de seus pacotes, além de estar presente na atuação da Instância de Governança Caminho dos Príncipes, que vem desenvolvendo um Plano de Retomada Pós-Covid, cujo objetivo é o de promover ações integradas na região Caminho dos Príncipes, nas áreas de capacitação, comunicação, produtos turísticos e captação de recursos para a retomada gradativa do setor de turismo, contribuindo para o reposicionamento desta categoria no mercado.
Hotelaria
André Gustavo Loureiro Schelela é proprietário de uma pousada no interior de Garuva à beira da baía do Palmital. O serviço oferecido por seu estabelecimento é voltado, principalmente, para o turismo de pesca esportiva. Segundo o empresário, o período de maior circulação de clientes na pousada é entre março e junho, onde adeptos da pesca esportiva de todos o país visitam o local, muitas vezes, acompanhados pela família.
Porém, com os Decretos estaduais e municipais que proibiam a abertura de hotéis, o empresário teve que reagendar as datas de hospedagem, e até mesmo cancelar. Nesse período, André somou uma queda de 90% do faturamento mensal da pousada. ” Demiti quatro funcionários, suspendi o contrato de dois e renegociei também com fornecedores para postergar alguns pagamentos”, conta sobre suas primeiras medidas.
Para contornar a crise da pandemia, André viu na opção de renegociar as dívidas como uma possibilidade de reação de sua empresa. “Estava todo mundo na mesma situação”, relata o empresário quando renegociava dívidas com seus fornecedores.
Outras medidas tomadas por André foi reestruturar os serviços de sua pousada, como abaixar valores, oferecer o que precisam para o conforto durante a visita e criar uma hospedagem executiva. Ainda atendendo com menor capacidade, o empresário observa um resultado positivo ao adotar uma das medidas de estímulo à economia.
Propaganda
Bruno Venicius de Souza, tem apenas 21 anos, e é um dos empresários mais jovens associados à Acig, além de fazer parte da diretoria da entidade como Diretor de relações públicas, ele trabalha como radialista e com propaganda em um site, onde oferece o serviço de exposição de banners de pequenas e médias empresas, principalmente, de Garuva. Com a queda do faturamento do comércio do município, muitos de seus clientes cancelaram as divulgações. “Tivemos uma queda de 70%, e a média de novas vendas caiu em 85%”, afirma.
Com esse cenário, Bruno optou por renegociar, para evitar o cancelamento dos serviços, cedendo os espaços para propaganda sem custos, auxiliando seus clientes a se reerguerem. Com a reabertura do comércio, o jovem empresário viu o resultado positivo por seguir a medida. “Neste mês, já voltaram a pagar as mensalidades”, diz.
Loja
Ciente da dificuldade que foi tomar decisões abruptas durante o momento em que o comércio estava de portas fechadas, sem faturamento, e as dívidas acumulando, a abertura para novas ideias foi fundamental para Cristiano Feliciano, dono de uma loja de peças, reaquecer o caixa de seu negócio.
Uma das ideias bem-vindas pelo comerciante foi a a sugestão de divulgar seu comércio nas redes sociais. “Foi utilizado mais mídia popular Facebook, Instagram, Whatsapp e outros caminhos também”, destaca.
Porém, Cristiano faz um alerta: mesmo que o uso das redes sociais seja satisfatório, ao interagir com os clientes, nestas plataformas, o empresário deve cuidar para não misturar as vendas com publicações de nível pessoal, para evitar conflitos com clientes.
Com a retomada das atividades econômicas, Cristiano observou um aumento surpreendente de 10% a 15% nas vendas, mesmo com a crise. Sem saber compreender exatamente o que ocorre, o empresário sugere que muitas pessoas evitaram consumir durante o período de quarentena, fazendo uma certa economia e agora tem dinheiro para investir. “A pessoa não teve o consumismo e agora aumentou o movimento. As empresas que se mantêm no mercado vão vender mais pois está sobrando dinheiro no bolso do cidadão”. Nesta perspectiva, o comerciante acredita que as empresas vão se recuperar até o final do ano.
Fonte: Portal Folha Norte SC
Foto/Herison Schorr