Compartilhe
A situação dos moradores de rua na cidade de Brusque voltou a ser tema de reunião na Associação Empresarial de Brusque (ACIBr) na tarde de segunda-feira, 5 de julho. Na oportunidade, o presidente em exercício, Marlon Savio Sassi, bem como os demais diretores, receberam na entidade a visita do vice-prefeito de Brusque, pastor Gilmar Doerner; dos secretários municipais de Saúde, Assistência Social e Comunicação, Dr. Osvaldo Quirino de Souza, Jocimar dos Santos de Lima e Rodrigo Cesari, respectivamente; e do responsável pela Comunidade Bethânia, Pe. Lúcio Tardivo. Na pauta dos trabalhos, estava a discussão sobre uma possível parceria entre o poder público municipal e a Comunidade Bethânia, no que diz respeito ao atendimento das pessoas em situação de rua na cidade de Brusque.
Ao abrir os trabalhos, o presidente em exercício relatou que o tema já foi motivo de muitas reuniões na associação, como também com demais entidades do município. Segundo Marlon Sassi, é necessário encontrar um caminho para se avançar, e foi com este intuito que a ACIBr trouxe a Comunidade Bethânia para o debate. “Hoje temos o albergue ou a casa de passagem, em Brusque, onde esses moradores de rua podem tomar um banho, fazer uma refeição e dormir, isso por um período de 60 dias. O objetivo é que durante o dia ele busque um emprego e consiga sair dessa situação. Porém, percebemos que na maioria das vezes isso não acontece. A maioria dessas pessoas são dependentes químicos e por este motivo pensamos em buscar alguém que tivesse a expertise para nos ajudar, neste caso a Comunidade Bethânia”, ressaltou.
O objetivo seria a criação de um convênio entre Prefeitura de Brusque e Bethânia para o acolhimento desses moradores, recuperação e reinserção social. Na oportunidade, o vice-prefeito ressaltou que a primeira ideia seria a criação de um convênio através da Secretaria de Assistência Social, porém, isso não será viável. “Iniciamos estudos e verificamos que a questão dos dependentes químicos, em que muitos moradores de rua se enquadram, está ligada à área da saúde, portanto, é necessário verificar a possibilidade de algum convênio via Secretaria Municipal de Saúde”, comentou pastor Gilmar.
Presente na reunião, o secretário de Saúde garantiu que a pasta fará estudos para viabilizar uma parceria com a Comunidade Bethânia, no atendimento aos moradores de rua. “Deixo aqui nosso compromisso de junto com o pastor, o Rodrigo, da comunicação e Pe. Lucio, estudarmos com bastante seriedade um convênio com a Comunidade Bethânia. E quando tivermos uma resposta, nos comprometemos a vir aqui e darmos uma devolutiva à ACIBr e à comunidade. De fato o serviço relevante que Bethânia presta à região, é algo que não se mensura. Bethânia tem um alto índice de recuperação de dependentes químicos, superior inclusive a outras instituições”, frisou.
Pandemia aumenta número de pessoas em vulnerabilidade
Ao fazer uso da palavra, Pe. Lucio comentou que durante a pandemia tem aumentado muito a vinda de pessoas em vulnerabilidade à Comunidade Bethânia e a outras instituições na região. Ele agradeceu toda ajuda da comunidade brusquense para com Bethânia e destacou que é necessário a sociedade voltar seu olhar às instituições que realizam esse tipo de trabalho. “Cada um pode dar a sua contribuição. Vivemos tempos difíceis para todos e para nós também. Tudo o que tínhamos de eventos, que geravam receitas, de uma hora para outra, ficamos sem. Podemos dar uma contribuição com a casa de passagem, não de imediato, pois é necessário um estudo, pois trata-se de um compromisso e precisamos analisar esta questão, buscar a forma legal de realizar esta prestação de serviços, aprofundarmos as possibilidades. A Comunidade Bethânia nasceu aqui em Brusque, sempre acolheu e nunca vai deixar de acolher ninguém daqui. Temos aqui amigos, parceiros, pessoas que conviveram com padre Leo e sabem do carinho que ele tinha para com essa região”, enfatizou.
Ainda na ocasião o secretário de Assistência Social comentou sobre os trabalhos realizados no Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) e no Albergue Municipal. Este último conta com 24 vagas para homens e seis vagas para mulheres, que podem pernoitar no local pelo período máximo de 60 dias. “Vivemos um problema crônico, que são as pessoas em situação de rua. Todos os dias temos equipes fazendo visitas in loco a estas pessoas e encaminhando-as ao Centro Pop. Nossa ideia é tirarmos essas pessoas dos semáforos, das ruas e as levarmos para um lugar onde tenham um mínimo de dignidade, onde possam passar a noite, tomar um banho e fazer uma refeição. Muitos nós fazemos o encaminhamento aos serviços de saúde necessários, ao cadastro do Bolsa Família, à busca de um emprego, porque nosso objetivo é tirá-los dessa situação. Porém, esbarramos na questão da dependência química e do alcoolismo. Nossa comunidade é muito solidária, mas temos que encontrar uma forma de não dar mais trocadinho no semáforo, porque ao invés de eles comprarem uma refeição, eles vão comprar drogas e manter o vício”, disse Santos, que demonstrou satisfação em um possível convênio com a Comunidade Bethânia nos atendimentos.
Ao final dos trabalhos, o presidente em exercício da ACIBr fez uma avaliação positiva da reunião, mas lembrou que ainda há muito a se avançar. “Hoje avançamos mais um pouco nessa discussão e tenho certeza de que conseguiremos encontrar um modelo que possa diminuir principalmente a quantidade de moradores de rua na nossa cidade. Quem quer uma sociedade justa, quer que essas pessoas sejam tratadas dignamente e que abram os olhos para ver que existem formas de viver dentro de regras, dentro de uma sociedade em que não colocam seu bem maior, que é a sua vida, em risco. Acredito que nossos associados também querem que minimizemos ao máximo essa situação e tivemos nessa reunião o compromisso do secretário de Saúde e do vice-prefeito de que vamos avançar ainda mais”, complementou.