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Ao longo da minha trajetória como jornalista que acompanha detalhadamente a política de Santa Catarina, aprendi que todo calendário eleitoral tem seus prazos oficiais, regulamentadas pela Justiça Eleitoral com base na legislação aprovada no Congresso Nacional. Fazem parte dessa lista datas relevantes como o último dia para trocar de partido ou mudar o domicílio eleitoral e continuar apto a concorrer, seis meses antes da eleição, ou o começo do horário eleitoral no rádio e na televisão.
A experiência de acompanhar de perto as últimas seis eleições também me fez ficar atento ao peso e à importância do calendário extraoficial, construído pela rotina da disputa entre os postulantes ao poder, mas também – e especialmente – pela sociedade civil organizada. Um exemplo claro e emblemático é a Cartilha Voz Única, organizada pela Facisc após um longo trabalho de coletar, peneirar e organizar as demandas trazidas pelas 149 associações empresariais espalhadas por todo o Estado.
Ali estão contidos os anseios de toda a sociedade catarinense, não apenas demandas da classe empresarial. Questões interligadas, como a economia e infraestrutura – líder nos pleitos de um Estado que sempre recebe de Brasília menos recursos do que repassa e que sempre clama por um retorno que apenas é o pedido por instrumentos que nos permitam trabalhar mais e melhor.
Elaborada a cada quatro anos, a Cartilha Voz Única já faz parte do calendário eleitoral catarinense. Os candidatos a governador recebem em mãos o material que vale por um plano de governo – e que na maioria das vezes traz mais detalhes e espelha com mais precisão as necessidades do Estado que os burocráticos documentos entregues formalmente à Justiça Eleitoral no momento dos registros das candidaturas.
Como repórter e colunista de política em Santa Catarina, sempre acompanhei o Projeto Voz Única, do qual faz parte a cartilha, com a atenção que merece essa espécie de bússola programática – a qual se somam iniciativas de outras entidades. Mas poucas dessas iniciativas têm a amplitude temática alcançada pela cartilha, justamente pelo trabalho de base realizado junto à associações e pela característica de mistura de segmentos na composição dos órgãos que integram a Facisc.
Este ano, tive o privilégio de ser convidado a me somar a essa Voz Única. Aceitei de pronto por entender que as bandeiras e pleitos trazidos pelo projeto dariam maior fôlego às minhas análises políticas, encharcando de vida real o acompanhamento do dia a dia das disputas partidárias. É o que tem acontecido. Integrado ao road show que apresenta a cartilha em todas as regiões do Estado, já estivemos em Mafra, Joinville, Blumenau, Rio do Sul e Tubarão em um roteiro que dá rosto, gestos e sotaques a lideranças políticas e empresariais. Esta semana, será a vez de Criciúma e o roteiro seguirá.
Chego ao projeto com o compromisso claro de ajudar a fazer a Voz Única a ser ouvida fora do período eleitoral. Ela já faz parte desse calendário, mérito das equipes que tocaram e tocam o projeto. Nesse período, diversas demandas foram solucionadas ou minimizadas, pleitos atendidos, soluções encontradas. Mas muitas questões, especialmente de infraestrutura, insistem em continuar sendo carregadas pela Cartilha Voz Única. Nosso desafio, e estou integrado a ele, é manter a pressão ao longo dos próximos mandatos – em tom de pressão ou de parceria, o que for necessário. Os eleitos vão continuar ouvindo essa voz.
Texto de autoria de Upiara Boschi, jornalista e consultor político do projeto Voz Única.