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Durante 60 dias, três locais de grande circulação de pessoas foram escolhidos pela Associação Empresarial de Rio do Sul (ACIRS) para receber o Pegue e Pague. Ao todo, 1184 garrafinhas de água mineral foram comercializadas. Sem monitoramento, fiscalização ou o auxílio de vendedor, 96,5% do valor faturado foi efetivamente recebido
Iniciativas como o Pegue e Pague estão espalhadas por diversos municípios brasileiros e são arraigadas na cultura de outros países onde a compra de jornais e até alimentos in natura é feita desta forma. A experiência tem o objetivo de despertar para a ética, a cidadania, a honestidade e contribuir na construção do caráter.
Em Rio do Sul, cada comprador teve a liberdade de adquirir os produtos na quantidade desejada, depositando o dinheiro em uma urna. O preço unitário de cada produto foi de R$ 2,00. O reabastecimento era feito, em média, duas vezes por semana. Neste momento o dinheiro era conferido, mas não recolhido da urna. “O Pegue e Pague comprovou que a grande maioria das pessoas não se corrompe diante da oportunidade”, avalia o vice-presidente para o setor do Comércio, da ACIRS, Riciéri Fernando Ramlov, que coordenou a iniciativa.
Batizado de taxa de esquecimento, o valor não depositado por consumidores foi de R$ 80,95; o equivalente a 4% das vendas efetivadas na Galeria Schroeder, 3,3% na Unidavi e 3,2% no Terminal Rodoviário do Centro Comercial.
O faturamento da campanha foi de R$ 2.287,05, as despesas somaram R$ 1.035,30 e o resultado apurado chegou a R$ 1.251,75. O saldo do Pegue e Pague será repassado ao Observatório Social de Rio do Sul para investimento na campanha do voto consciente para as eleições municipais de 2 de outubro. Na oportunidade, os rio-sulenses irão eleger prefeito e vice-prefeito, além de 10 vereadores.
Para o presidente do Observatório, Jean Sandro Pedroso, a maioria das pessoas é honesta e está indignada com a política, a corrupção e a falta de ética. “Muitas vezes colocamos todas na vala comum e até nos surpreendemos ao assistir que alguém encontrou uma carteira na rua e devolveu com o dinheiro”. A aposta, segundo ele, deve ser na multiplicação dos bons exemplos e na provocação do eleitor que possui o poder e o instrumento para promover mudanças políticas e sociais: o voto consciente.
A campanha do Observatório envolve outdoors, adesivos e publicações em redes sociais. Como alerta uma das peças publicitárias, “45% das pessoas não acompanham o trabalho dos políticos eleitos, mas 100% sofrem as consequências”. Para exercer o voto consciente é preciso que o eleitor compreenda as diferenças entre os papéis exercidos pelos poderes. Neste contexto, saber o que fazem os candidatos, identificar suas competências, questionar sobre a viabilidade das propostas e como implementá-las, são passos fundamentais. “Falar que vai melhorar a saúde e a educação é fácil. Difícil é mostrar como, quando e de que forma vai fazer. Você contrataria o candidato para gerenciar a sua empresa?”, alerta o presidente da ACIRS, Alex Ohf.