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Dando seguimento ao projeto que pretende incluir os detentos na perspectiva do trabalho para que tenham uma oportunidade de inserir-se na sociedade e reconstruir suas vidas em comunidade, dirigentes da Associação Empresarial de São Miguel do Oeste (Acismo) visitaram na tarde desta quinta-feira (16), a Unidade Prisional Avançada do município.
O projeto é uma parceria com a Secretaria de Justiça e Cidadania e já funciona no Estado de Santa Catarina, onde 56% dos detentos já estão trabalhando dentro e fora das Unidades Prisionais. Em São Miguel do Oeste, o projeto é defendido pela classe empresarial, que quer dispor de mão de obra e, principalmente, colaborar na ressocialização dos detentos.
O presidente da Acismo, César Signor, o coordenador do Núcleo de Móveis e Esquadrias de Madeira, Caciano Vidor, a coordenadora do Núcleo da Mulher Empresária, Maria Zanin, e o vice-presidente Administrativo, Cleomar Zachi, participaram da visita, que teve o objetivo de conhecer a realidade do local e traçar estratégias, juntamente com a direção da UPA, para efetivar o projeto. A intenção também é tomar conhecimento sobre os trabalhos realizados dentro da unidade e o que pode ser aplicado fora desse espaço, nas empresas, incluindo detentos em regime Semiaberto.
Atualmente, a UPA tem 73 detentos, sendo que aproximadamente 25 trabalham na confecção de capas para bancos de carro e outros cinco detentos estão trabalhando na construção do Casep, paralelo a participação de um curso profissionalizante no Senai.
Conforme o presidente da Acismo, é importante e muito interessante conhecer o sistema, já que muitas empresas podem prestar serviços dentro da unidade ou ainda abrir espaço para o trabalho dos apenados. “E com um custo mínimo, sem impostos ou vínculo trabalhista e com todo acompanhamento dos diretores da UPA. Por outro lado, o empresário cumpre o seu papel social, de colaborar na ressocialização. A grande preocupação do sistema prisional é com o futuro desses detentos, de quando terminar a presa e volta para a sociedade. Se não tiver um local para trabalhar ou uma ocupação com certeza voltará ao crime. Por isso a importância de reinserir essas pessoas na sociedade”, enfatiza Signor.
Para coordenador do Núcleo Moveleiro, o segmento pode ser diretamente beneficiado com o projeto. “Questionamos especialmente a questão da segurança, já que no nosso segmento o trabalho é na empresa e também na casa do cliente. Mas é um projeto excelente, que pode beneficiar todos os segmentos, mas especialmente em colaborar para colocar estas pessoas em boa conduta”, ressalta Vidor.
Já para Zachi, cabe aos empresários abrir espaço para essa mão de obra, haja vista a preocupação dos diretores da UPA em capacitar e ressocializar os apenados. “Cabe a nós associados e empresários apoiar para que este projeto tenha êxito. Com essa visita tivemos mais uma oportunidade de saber o que ocorre dentro de um presidio, mas especialmente de ter a consciência para mudar essa realidade”, enfatiza.
Como funciona
Para que o empresário possa entender quais são os passos para realizar a contratação de um detento, deve-se, antes de tudo, agendar um horário na Unidade Prisional Avançada (UPA), de São Miguel do Oeste, e solicitar uma visita. O gestor da Unidade, André Paulo de Oliveira, traz como exemplo, a iniciativa realizada em parceria com a empresa Arcus Indústria Gráfica, de São Miguel do Oeste, que há um mês, proporciona o trabalho a cinco detentos dentro da unidade. Materiais são confeccionados por eles, que recebem um valor acordado para efetivarem o serviço.
Além disso, segundo Oliveira, há alguns anos, aproximadamente 25 detentos trabalham na confecção de capas para bancos de carro. Outros cinco detentos estão trabalhando na construção do Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) em São Miguel do Oeste. Em Chapecó, Oliveira destaca que o projeto demonstra resultados positivos também, com a participação de 80 detentos trabalhando para a Prefeitura, em serviços de corte de grama, limpeza da cidade, entre outros, sendo que os demais detentos, são contratados em outras empresas, e muitos deles, atuam 8h por dia no mercado de trabalho.
O projeto, que é desenvolvido a nível Federal, também proporciona a redução da pena para os detentos que trabalham, sendo que, a cada três dias trabalhados, reduz-se um dia da pena. Além disso, o empresário que realizar a contratação, pagará o salário mínimo conforme acordo e não necessita fazer a assinatura da Carteira de Trabalho. “É um trabalho muito importante de ressocialização. Enquanto os detentos trabalham, não há conflitos e existe a possibilidade de conseguirem ter uma outra visão sobre o mundo. Acreditamos na importância desse projeto e aguardamos a visita dos empresários para efetivarmos essa medida”, finalizou.
Fonte: Assessoria de imprensa ACISMO