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Análise trimestral da Federação preocupa empresariado mesmo com alguns resultados positivos em Santa Catarina
Na terceira edição da Carta de Conjuntura, que será lançada nesta sexta-feira,14/8, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina analisa com preocupação os índices publicados no último trimestre e a conclusão da entidade é que não há previsão de melhorias para os próximos meses. O presidente da FACISC, Ernesto Reck, explica que ao analisar o cenário recente, no âmbito do crescimento econômico, o PIB brasileiro recuou em 1,6% no primeiro trimestre de 2015 se comparado com o mesmo trimestre do ano de 2014. “Desde 2010 a economia brasileira vem retraindo seu crescimento. No ano em questão crescemos 7,6% e em 2014 somente 0,1%”.
O presidente explica que as perspectivas para o ano de 2015 não são das melhores. “Temos um cenário no primeiro semestre de 2015 muito pior do que no ano anterior, senão até do que em 2009, o que deixará com resultados demasiadamente negativos do ponto de vista do crescimento econômico bem como social do país. Em 2015, o que se espera é um ano de crescimento negativo”, complementa o presidente Reck.
Previsões do Boletim FOCUS (-1,7%), bem como do FMI (-1,5%) apontam para esse resultado (previsões de julho). “Os indicadores nos revelam, e a própria conjuntura em que vivemos remonta a um cenário macroeconômico conturbado por fatores que na esfera econômica trazem à tona o caráter recessivo instaurado sobre o país, afetando sobremaneira as expectativas tanto dos empresários bem como de toda a população brasileira”, lamenta Reck.
Cenário macroeconômico
Ao encontro dos dados nacionais, Santa Catarina, segundo o índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central, aponta uma taxa de crescimento negativa de -1,55% entre janeiro e maio do ano de 2015, demonstrando uma perda da dinâmica econômica juntamente com a nacional. “A inflação registrada no período de janeiro a junho de 2015 já se aproxima do mesmo nível alcançado em todo o ano de 2014 e voltamos a ter uma das maiores taxas de juros do mundo. Além disso, as contas públicas demonstram cada vez mais sua deterioração, onde o resultado primário apresentou um déficit acumulado nos últimos 12 meses, até maio de 2015, de 38,5 bilhões de reais, ou seja, -0,68% do PIB. “Embora os números de SC não sejam favoráveis, o Estado ainda se destaca positivamente perante os outros Estados”, analisa Reck.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho vem perdendo sua dinâmica de crescimento obtida até meados de 2014. Só entre os meses de janeiro e junho de 2015, o Brasil fechou seu saldo negativo em aproximadamente 346 mil vagas de emprego formal. Santa Catarina, por sua vez, no primeiro trimestre do ano fechou com a taxa mais baixa de desemprego do país. “Apesar desse fator, o ritmo de crescimento de emprego no Estado vem se retraindo a cada mês que passa”.
Agronegócios
No setor do agronegócio, as previsões da safra agrícola de produção em 2015 estão de certa forma mais favoráveis no Estado. A safra da soja está prevista para um crescimento de 16,74%; a produção de cebola aponta um crescimento de 17,40%, e para suínos, o abate no primeiro semestre do ano de 2015 cresceu 5% se comparado com o mesmo período no ano de 2014. Destaque também para a produção de leite que cresceu 10,2% no primeiro trimestre do ano e para o abate de bovinos que no primeiro semestre de 2015 cresceu 1,79% em relação a igual período do ano passado. “O setor do agronegócio é um dos potenciais setores a crescer em 2015 bem como durante os próximos anos, mas o que nos remonta um cenário mais pessimista quanto a isso são os preços das commodities que vem sendo reduzidos nos últimos tempos”, comenta Reck.
Indústria, Comércio e Serviços
“Na indústria tivemos o menor crescimento para o período acumulado entre janeiro e maio desde 2009”, explica o vice-presidente André Gaidzisnki. Santa Catarina decresceu mais que o Brasil, -7,4% frente à média de – 6,9% brasileira.
No comércio varejista o Brasil decresceu -2% para os meses entre janeiro e maio. Santa Catarina cresceu 0,7%. O subsetor de bens de consumo duráveis, que são mais sensíveis à falta de concessão de crédito como móveis, eletrodomésticos e o de veículos retraíram significativamente o volume de vendas, chegando à queda de aproximadamente 20% no setor de veículos e 4,7% para móveis e eletrodomésticos em resultados comparados com o volume de vendas no mesmo período do ano de 2014.
No setor de serviços o Brasil cresceu em termos de receita nominal 2,3% para o acumulado de janeiro a maio. Santa Catarina cresceu 3,7%. “Apesar de serem resultados positivos, o setor não obteve ganhos reais em receita, visto que a inflação acumulada no ano até maio de 2015 era de 5,34%”, explica Gaidzinski.
Balança Comercial
A balança comercial do semestre contou com um recuo tanto da exportação, como da importação, no Brasil e em Santa Catarina. Com isso, ambas as balanças comerciais permaneceram deficitárias no acumulado do semestre.