Compartilhe
Somente com o surgimento de uma nova liderança política, capaz de promover a convergência entre partidos em torno de um projeto para o País, o Brasil sairá da atual situação para um período de retomada do desenvolvimento. A afirmação é do ex-deputado federal e ex-ministro do Planejamento no governo FHC, Antônio Kandir, ao falar na plenária ACIJS-APEVI de segunda-feira.
Kandir veio a Jaraguá do Sul para falar, a convite das duas entidades empresariais, sobre as perspectivas para o Brasil e disse que a situação econômica deve apresentar melhoras somente a partir de 2017 e, no ano seguinte, uma retomada completa do ciclo de desenvolvimento. O indicador positivo, depende, na avaliação dele, de um posicionamento político capaz de promover o entendimento necessário para que as reformas que o país precisa se tornem realidade.
Ele atribuiu a situação atual a encaminhamentos equivocados por parte do governo, que trouxeram – avalia – problemas tanto para trabalhadores como para os empresários, como o aumento da inflação, queda de investimentos e desemprego. Kandir diz que este quadro de falta de esperança que se estabeleceu na sociedade deve de alguma maneira pautar o processo eleitoral já em 2016.
“Caso a situação se aprofunde, com o aumento do desemprego e sem que a inflação baixe, haja uma pressão social muito forte, que pode gerar fatos políticos no ano que vem”. O surgimento de novas lideranças políticas, comprometidas com um projeto diferente, pode ser positivo para o Brasil, entende Antônio Kandir, resgatando a esperança.
O ex-ministro salientou que a economia vem se enfraquecendo desde 2014, atribuindo a decisões pouco responsáveis do ponto de vista fiscal e creditício. “Na eleição se disse que não havia crise econômica, mas na verdade os problemas já vinham acontecendo, e isto refletiu as contradições entre o que o governo falava e a realidade que se via no mercado. Quando se pedia uma solução, o governo foi relutante na sua proposta de redução de gastos, enviou ao Congresso uma proposta de orçamento deficitário que não poderia cumprir, sem um corte profundo dos gastos e isto deixou claro para todos que o governo não tinha intenção de reduzir suas despesas, impondo sacrifícios à sociedade sem fazer sua parte. Isto levou a uma incerteza muito grande, fazendo com que as taxas de juros se elevassem e o câmbio ficasse sem controle. Qualquer proposta para o Brasil passa por um ajuste fiscal, mas ele precisa estar ancorado em redução dos gastos públicos”.
Quanto aos cenários futuros, mesmo com o atual momento de desconfiança, o ex-ministro acredita em uma recuperação do país. “Mesmo que o quadro político continue com incertezas, a inflação tende a se reduzir, mas isso não vai se dever a qualquer ação que não seja pela própria redução do consumo. Agora certamente haveria muito mais reflexos positivos para a estabilização econômica, e uma queda da inflação sem prejuízos para o consumo, se houve um conjunto de decisões na área fiscal mais robusto e que passa pela redução dos gastos, pois criaria um ambiente positivo para todos os segmentos e a volta de investimentos”.
Fonte: Associação Empresarial de Jaraguá do Sul